sexta-feira, 30 de outubro de 2020

 

Meninas

Menina, nas noites vividas,
Quantas, tantas infindas,
Sem acalanto, sem encanto,
Sem carinho, desprovida,
Da pessoa querida?
Partiu, deixando-a partida,
Ferida, sem a exata medida,
Paralisada, sem ação,
Entre o sim e o não.
Sim, chore e cante sua ilusão,
O mar levará sua solidão.                                      By EC

quinta-feira, 29 de outubro de 2020

 Uma tristeza incerta.

 

Como disse?
Não sou poeta de todo dia
Parece.
Entretanto, entristece
Se no peito aperta, estarrece
A vontade da reação que enobrece
Esses tristes dias de certezas incertas;
Contrastando belas manhãs de sol outonal,
Em um delírio irracional ...
Não há como conter a dor fugidia
Com a palavra que, em vão, explicaria
O que já não mais existia.                           By EC

Dedicado a Palucha, uma amiga sumida.

terça-feira, 27 de outubro de 2020

O término do dia.

 

De repente
a música acabou.
Se mudou?
Pergunto eu estupefato.
Pois é um fato,
que dela sou amante,
detalhe importante,
a ser considerado
no instante em que
as lágrimas vieram.
Não eram tristes,
eram de alegria,
pois surgia,
lenta e solene
uma bela melodia.
Meu vizinho violinista,
excelente artista,
dedicou-me esta cortesia.
E, assim, entre lágrimas mudas
e sorrisos Internos, os que
são eternos.
Vai terminando o dia.                                  By EC
 


sábado, 24 de outubro de 2020

 

Desejo.

 

Não, não era assim,
Que desejava ser amando,
Depois de tantos amores, atrizes,
Algumas dores, cicatrizes.
Desejava ser feliz, compartilhar,
O único verbo desejar,
Poderia tudo significar.
Coisas simples, mãos dadas ao luar,
Colher flores no quinta,
Contar estórias inventadas no portal
Ou na varanda, vendo a chuva cair,
Até sentir que já não era.
Que nunca foi,
Que só seria, se queria, a eterna
Doação da gratidão, da emoção,
Do ato sexual, exausto e animal,
Com todo pureza essencial,
Enfim, isto seria, enfim, seria isto.                   By EC

quarta-feira, 21 de outubro de 2020

 O homem e a flor.

 

O homem não viu poesia
Na pequena flor que nascia
Na beira de um meio-fio.
Não se pode afirmar,
Que pisou na flor por maldade;
Eu observava ao longe; desvio.
Vou até a flor esmagada
O homem foi embora
Embora tenha se detido,
Talvez um segundo, aborrecido
Consultou a hora,
Era a hora.
Foi embora,
Fiquei olhando a flor,
Um misto de raiva e dor,
Uma sensação de impotência
Diante daquele gesto indecente.
As pessoas passavam,
Iam a algum lugar,
Apressadas, suadas,
Mal-humoradas,
Pareceu-me ser a hora.
Ora! A hora que iam embora.
Foram-se todas.                                         By EC

segunda-feira, 19 de outubro de 2020

 Beijo de Mel.

 

Na madrugada, de terra,
É como uma estrada em um jardim,
Traz esta poesia,
Como um presente para mim,
 
E me diz, não me quer nada
Só ser amada
E eu, que só desejo,
Ser seu desejo,
Nesta linda caminhada.
 
Então, faz uma lua no céu,
Com gosto de amor de noite estrelada,
E faz outra lua no céu
Com gosto de beijo e mel.                                   By EC

sexta-feira, 16 de outubro de 2020

 

À espera do dia.

 

O crepúsculo anunciava;

A noite fria...

Meu corpo ardia...

Medo, medonho medo

Esperava ansioso amanhecer;

Enfim o sol venceu a escuridão;

Era dia.

Lutas terríveis viriam contraído;

Portanto, para que tanta espera

Se passa, rasa, a vida aquela?

Ido destino, indefinido.                                       By EC

quarta-feira, 14 de outubro de 2020

 

Segregação

 

Segregação global, em um mundo ideal  
Da Europa ocidental e oriental, à Ásia continental
 
Da África monumental, às Américas, sem igual,
Isto não!
Por que então?
 
A escravatura em suas múltiplas faces,
Escuras e impuras, de todos povos do planeta,
Sufocados pela tortura, cruel e dura
 
Tratados como dejetos,
Moças prostituídas, crianças esquálidas, trabalhadores malditos
Usadas como objetos, de senhores e senhoras
Espertos, concretos, discretos, inauditos...
 
O homem ignorante, divide o seu semelhante,
Em raças inexistentes, concluída gentilmente
Por cientistas eminentes.
 
A segregação, discriminação do ser
Humilhação, desprezo e marginalização
Tem fim em si mesma, como meio para a perpetuação de poder
 
E a vida, tão bela, singela, tingida de cruéis mazelas
Por aqueles que não coincidentemente
Mantém classes submissas, em atendimento às suas premissas.
 
Eles, não por coincidência, mas por intento
São rimas pobres, de um mundo rico, onírico e eufórico
Que há milênios sofre, desolação e desalento
Dos que muitos nomes tiveram ...
E hoje conhecidos como nazistas, fascistas, segregacionistas.      By EC

quinta-feira, 8 de outubro de 2020

Irmão

 

Às vezes, me dá uma
vontade enorme de falar
com meu irmão.
 
Como quando éramos crianças,
e entre outras aventuranças,
brincávamos em cima dos muros e
nas lajes das casas. Belas lembranças!
 
Na rua, consideravam-nos terríveis
entre brincadeiras maldosamente boas
sentados no meio-fio
éramos imbatíveis.
 
Não tínhamos medo de nada
como se a vida fosse feita
para, entre uma e outra travessura,
crianças em suave ternura.
 
Autoridades policiais,
futebol, pega-pega,
outras brincadeiras entre os
treze e qualquer idade, o que importa?
Éramos imortais!
 
Um dia, sem maiores avisos
veio a vida como um rolo compressor
havíamos crescido, enfim  
estudamos, trabalhamos, casamos, separamos,
coisas assim.
 
O mais dolorido, de nos ver todo dia, o dia todo.
não era mais assim.
 
Mas nunca perdemos a incrível beleza de
brincar com a vida, nadar, até mesmo amar,
namoradas, bebedeiras, brigas, política, férias
passávamos juntos como irmãos devem passar.
 
E hoje, quero falar com ele.
Mas ele morreu.
- Mas como assim, morreu?
-Nós não morremos!
 
E ai, rola uma, duas, um monte
de lágrimas de meus olhos
esta saudade de tudo
perdi uma parte de mim
que nunca tive.
 
Vai meu irmão, milita, defende o seu PT,
briga, zomba da polícia, ai no céu.
Eu, por enquanto, estou aqui,
meio triste, meio perdido,
te procurando,
sem saber exatamente o que fazer e
onde encontrar você.                                   By EC
 
Homenagem ao meu irmão Fernando, falecido em agosto de 2018.

quarta-feira, 7 de outubro de 2020

A moça que não era ela.

 

Não. Não era ela.
Que ficava na janela,
esperando sorridente
o dia nascer contente.
Esta outra, insone
nada esperava,
via sol poente e
a lua cicerone.
sonhava em ir
para o espaço. Desistir.
Mas, algo dentro dela,
ao ver a lua sorrir,
as estrelas se arranjarem
em um mosaico individual,
trazia-a de volta ao normal,
convencional.
Triste ia dormir depois de
quatro novelas assistir.                               By EC

 

Homenagem às moças nas janelas

Aquelas que não são elas.


sábado, 3 de outubro de 2020

 

Sonho
 
Ontem te escrevi,
após ouvir passos,
silenciosos e sem traços.
Era eu mesmo, acho.
Não era aqui.
Não era ali.
Não me ouvi,
o relógio parado
dizia-me estar errado,
um sonho do passado.
Sei que , após tremer,
Devagarinho,
Pude perceber,
Você ao meu lado.                                 By EC

quinta-feira, 1 de outubro de 2020

 

Menina

 

Não, não pense demais menina,
Não vale a pena pequena.
Sei, por experiência, que fascina,
a entrega da essência,
a divisão da existência,
o compartilhamento da emoção.
Não. Não vale não.
A dor virá acompanhada
do gargalhar da ingratidão.
Então, pense pequena,
Em buscar no seu ser
o eterno prazer,
 a palavra doce,
o coração leve,
ai então surgirá, em breve,
naturalmente, o verdadeiro amor,
aquele pelo qual anseias,
quiçá até já o tenha, achas,
mas que hoje só lhe causa dor.                     By EC

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