terça-feira, 30 de novembro de 2021

 

Memórias da Juventude

(Indo à praia - Criança ainda II)

 

Um pouco mais adiante, sob o céu nublado
chegando de lugar distante, há horas para trás,
contemplava calado a majestade natural do lugar,
sentindo, ao descer da serra, o cheiro do mar.


Cheiro gostoso que boa lembrança me traz,
o correr do automóvel na noite imóvel,
a estrada deserta, os faróis incertos,
no céu que se descortina esplendido e aberto.


No toca fitas do carro um rock anos oitenta,
talvez MPB, Caetano Veloso, London , London,
discos voadores que meus olhos com ele procuram
e meus sonhos de criança acalenta.


Meu pai exausto, viagem longa querendo deitar
eu entusiasmado imaginando o mar, pousar meu olhar
mesmo que por segundos na profunda escuridão,
daqueles tempos, de pura e divina, genuína emoção.    By EC.

segunda-feira, 22 de novembro de 2021

 

Memórias da Juventude.

(Na minha rua – criança ainda I)

Eu criança, brincava na enxurrada,
jogava bola e, moleque, pulava os muros,
das sérias senhoras que no inverno dançavam quadrilha
na chuva, barquinhos de papel e armadilhas.


Se riam pelos rios de minha imaginação,
e criança na cidade da rua de pedra,
espera quase deserta já que os amigos são certos,
coisas de saudade e pega-pega inventados e espertos.


Já mais tarde, à noitinha, na esquina,
conversas de meninos e meninas,
a mãe chamava: — já para casa, seu pai vai chegar!
como se lá devesse sempre estar para jantar.


E bem tarde, o céu deslumbrava o olhar,
muitas estrelas a contar, sonhos a sonhar,
dormia acordado, ouvindo sonhando,
o cantar dos pássaros noturnos se amando.   By EC.

terça-feira, 16 de novembro de 2021

 

Memórias da Juventude.

(A porta verde III)

 

Do lado de dentro da porta verde,
longos e ternos abraços nos recebiam,
carinhos, beijos e sorrisos de alegria,
perfumes que extasiavam e confundiam.


A roupa molhada, o banho quente,
calmamente nos aqueciam contentes,
um café, uma taça de vinho, um ninho,
no seu colo pousava docemente.


Se ia, já no final da madrugada,
quando raiando o dia, o sol tímido aparecia,
como um quadro, apagavam as últimas estrelas,
na mesa o café, o pão, a cama desarrumada.


Num raio de sol, seu sorriso na saia rodada,
hora do seu trabalho, corria atrasada,
pela frente um longo dia de saudade,  
com a tranca destravada, a porta verde encostava.   By EC.

quarta-feira, 10 de novembro de 2021

 

Memórias da Juventude.

(A porta verde II).

 

Com o coração aos pulos como criança
em frente à porta verde, esperando a pensar,
entalhada, lembrava vagas lembranças,
na memória verde agua do distante mar.


Conseguia ouvir ou sonhava,
talvez pela emoção, delirava,
os suspiros das sonoras cantigas do mar,
em suas inexplicáveis formas de se mostrar.


Um sentimento crescente, presente, 
qual a lua crescente no céu da madrugada
ansiedade tamanha, incontida,
que eu mesmo, estranho, me abrigava.


Quando enfim a porta abria,
meu coração descompassado sorria,
a amada esperada me recebia, molhado,
em um abraço e numa lágrima de alegria.       By EC.

domingo, 7 de novembro de 2021

 

Memórias da juventude.

(A porta verde I).

 

Era madrugada, chovia,
um longo corredor, levava,
em mim,  a impetuosidade juvenil,
até a sua porta verde, onde dormias.


Me lembro com nitidez da porta,
era de madeira, entalhada e pintada,
em um estranho tom de verde agua,
onde você, como um pássaro, pousava.


Sentia frio, molhado, pisava em poças
suado de correr na chuva fria,
na esperança de encontrar poesia,
em seu sorriso de menina moça.


Chegava e batia, um código secreto,
duas batidas, silêncio, mais três, discreto,
o nosso encontro repleto de amor, você abriria,
a porte verde , com seus entalhes, que rangia.   By EC.

segunda-feira, 1 de novembro de 2021

 

Sempre.

 

Sempre haverá um fim,
para cada novo começo,
e sempre novo, um começo para cada fim,
independente de um tropeço.
Sempre haverá a lua,
e depois dela o sol,
mesmo que que se acabe
um triste dia, no arrebol.
Sempre haverá um poema,
para os namorados,
que dele farão tema,
quais loucos apaixonados.
Sempre haverá a flor, a nos fazer sorrir,
teimando em nascer no concreto,
sempre haverá um todo concreto,
que teima em teimar, e a não lhe deixar florir.  By EC.

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