Queremos.
Queremos poemas obscenos,
lascivos e eróticos venenos,
poemas pornográficos com erros ortográficos.
Queremos poemas inconsistentes,
perturbantes poemas indecentes,
excludentes e indiferentes.
Queremos que sejam inexistentes,
escritos em estrelas cadentes,
queremos poemas quentes.
Queremos o plural de eles,
e o singular de eu,
num poema só seu.
Queremos pelo menos um poema nefelibata,
um poema que arrebata e mata,
o poema burocrata.
Queremos poemas sem sentido,
queremos poemas sentidos,
queremos o sentido perdido.
Queremos poemas malucos,
queremos malucos escritos,
queremos vários ditos.
Queremos poemas com palavrão,
gritados a pleno pulmão, com convicção
escritos sem palavras e sem definição.