sexta-feira, 30 de julho de 2021

 

Bem-querer.

 

Com que régua,
com qual  medida
foi feita a ferida,
que marcou de sombras
o seu coração?
Qual a maldade ferina,
que lhe impuseram, menina,
para tamanha desilusão?
Com qual letalidade mediram,
a tua vontade subtraída,
tua felicidade destruída?
O que queriam enfim,
aqueles que a feriram,
e, se indo se distraíam?
Por qual razão espúria,
empunharam sua loucura,
como medida de sua fúria?
E, assim, insistes em viver,
um dia de cada vez,
na esperança de enfim se ver, e
se ter bem-querer.                             By EC.

sexta-feira, 23 de julho de 2021

 

Canção.

 

Hoje quem canta
como ama, encanta,
na suave melodia,
ou no arfar do cansaço, da íngreme
subida da escadaria,
não importa. É poesia!
Acalanto para um coração
que se afasta da solidão,
e, traz a emoção, na beleza da canção.
Leva as mágoas para o relento,
aquelas que o dividiram,  
em pedaços, estilhaços,  
tornando-o diluído  e ferido.
Ressentimentos de quem partiu
sem se dar conta, e em mágico momento,
encontrou-se em seu próprio sentimento.   By EC.

segunda-feira, 19 de julho de 2021

 

Malandros.

 

Em duras batalhas
entre facas e navalhas,
malandros de outrora,
respeitando a honra, ora,
lutavam por mulheres, cachaças ou sambas
muitas delas vadias, mas bambas, ambas.
Jogadas nas calçadas sujas,
esquecidas,
como velhas muambas, dos cais,
não, não eram iguais.
Tampouco desiguais
assim como eles próprios guerreiros
em seus primeiros pardieiros
respeitavam as suas senhoras
a qualquer hora, em qualquer lugar
tinham o amor de amar,
em tudo e em todas as horas.              By EC.

quinta-feira, 15 de julho de 2021

 

A rua das estrelas.

 

Sim, por que não?
perguntou-me com afeição
e uma leve aflição.
Não havia rispidez naquela locução,
a pergunta continha certa emoção,
em um timbre bom, misto de barítono
e tenor  daquele senhor.
Tanto carinho para perguntar
em qual rua deveria virar?
A terceira, respondi com certeza,
eu também estou indo para lá,
não sei bem o que encontrar,
saberia o senhor me informar?
Certamente disse-me condescendente:
- É o encontro de todas as luas
e estrelas das noites sem luar,
que insistem em brilhar!
Contam histórias milenares,
riem, cantam e dançam excêntricas,
sentam-se em círculos concêntricos,
e adormecem sem sonhar.             By EC.

sábado, 10 de julho de 2021

 

Amanhecer.

 

Amanhece, eu sei
não sei se dormi ou sonhei,
manhã de apressada saudade
esquecida do sentimento,
agora lembrado, profundamente calado.
Não tenho certeza do dia.
Quero vê-lo. Está lindo!
Me cumprimenta gentilmente
reverencia que não mereço,
retribuo, durmo novamente e esqueço.  By EC.

quarta-feira, 7 de julho de 2021

 

Encontro.

 

De repente
o coração disparou
pudera, ao dobrar a esquina
se encontrou
com a pequena menina
que sempre amou.
Sorriu, acenou...
Não teve resposta, corou...
Triste, não saberia dizer, com ternura
e brandura, tamanha doçura;
entrementes ele percebeu carinho...
Ela, sorriu, misteriosamente e;
lentamente seguiu seu caminho.        By EC.

sábado, 3 de julho de 2021

 

Tuas magias.

 

Eu contava histórias tão longas
desenhando mundos mágicos
sobre paredes enceradas.
Atentas, ouvias
sobre esqueletos barulhentos
de ossos luzidios,
se atracando nos precipícios.
Tu imaginavas
noite brancas e negras,
de luas magras.
Assustada, escondias
e por seu puro prazer
surgias.
Nestes mundos mágicos,
desconhecidos pelos não introduzidos,
ao próprio desconhecido, sempre,
trazem os visitantes errantes, barulhentos.
Força dos ventos...
Inquietantes ventos...
Que brincam com as luas magras.
ela, sabiamente, escondia e
desaparecia, como se mágica fosse.
E, quando do nada tu emergias,
deixava as estrelas atônitas,
sem saberem
se terra tinha virado céu.
Ou se eram simples coadjuvantes
naquele cenário de contos
repletos de divindades e segredos.
E tu, no toque da cartola,
no descerrar das cortinas,
outra vez, sumias...
Neste ínfimo e laminar espaço,
em que habitam  sábios , magos,
e naturalmente tu, com tuas magias.
Presenteava-nos deixando desenhado
o céu estrelado, onde despontava
a estrela que naquele instante se tornaras.
E nós sentados na beira da estrada,
maravilhados e abismados,
calados, contemplávamos infinita pureza
de sua imensa riqueza.                              By EC.

Mais visitadas