quinta-feira, 23 de junho de 2022

Ossos e pedras.
 
Senti meu peito apertado,
ao ver ali, na minha frente, deitado,
quase nu, com frio, fome e sem abrigo,
mais um entre a legião dos desamparados.
 
Largados à própria sorte,
calada a noite, espreita a morte,
na disputa pelo pedaço de pão, pela moeda,
pela latinha para esquentar a sopa de ossos e pedras.
 
O camarão, a lagosta e o faisão, a rigor,
degustados, empanturrados pelos comensais,
entre cloches e florais, regados a vinhos provençais,
na cobertura em festa, sobre a marquise sem coberta,
em que mais um “ninguém” deixou sua dor.
 
Você se importou, se incomodou?
Essa dor chorou “ninguém”,
deixada em cova rasa para alguém.   By EC.


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