Blog de Poesia e Contos, Escolhidos e Esquecidos ao longo da vida.
Autoria Eduardo Chiarini
Blogs que gosto
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Blog de Contos.
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sexta-feira, 30 de outubro de 2020
Meninas
Menina, nas
noites vividas, Quantas,
tantas infindas, Sem acalanto,
sem encanto, Sem carinho,
desprovida, Da pessoa
querida? Partiu,
deixando-a partida, Ferida, sem
a exata medida, Paralisada,
sem ação, Entre o sim
e o não. Sim, chore e
cante sua ilusão, O mar levará
sua solidão. By EC
quinta-feira, 29 de outubro de 2020
Uma tristeza incerta.
Como disse? Não sou
poeta de todo dia Parece. Entretanto,
entristece Se no peito
aperta, estarrece A vontade da
reação que enobrece Esses tristes
dias de certezas incertas; Contrastando
belas manhãs de sol outonal, Em um
delírio irracional ... Não há como
conter a dor fugidia Com a
palavra que, em vão, explicaria O que já não
mais existia. By EC
Dedicado a Palucha, uma amiga sumida.
terça-feira, 27 de outubro de 2020
O término do dia.
De repente a música
acabou. Se mudou? Pergunto eu
estupefato. Pois é um
fato, que dela sou
amante, detalhe
importante, a ser
considerado no instante
em que as lágrimas
vieram. Não eram
tristes, eram de
alegria, pois surgia, lenta e
solene uma bela melodia. Meu vizinho
violinista, excelente
artista, dedicou-me
esta cortesia. E, assim,
entre lágrimas mudas e sorrisos Internos,
os que são eternos. Vai
terminando o dia. By EC
sábado, 24 de outubro de 2020
Desejo.
Não, não era
assim, Que desejava
ser amando, Depois de
tantos amores, atrizes, Algumas dores,
cicatrizes. Desejava ser
feliz, compartilhar, O único verbo
desejar, Poderia tudo
significar. Coisas
simples, mãos dadas ao luar, Colher flores
no quinta, Contar estórias
inventadas no portal Ou na
varanda, vendo a chuva cair, Até sentir
que já não era. Que nunca
foi, Que só
seria, se queria, a eterna Doação da
gratidão, da emoção, Do ato
sexual, exausto e animal, Com todo
pureza essencial, Enfim, isto
seria, enfim, seria isto. By EC
quarta-feira, 21 de outubro de 2020
O homem e a
flor.
O homem não
viu poesia Na pequena
flor que nascia Na beira de
um meio-fio. Não se pode
afirmar, Que pisou na
flor por maldade; Eu observava
ao longe; desvio. Vou até a
flor esmagada O homem foi
embora Embora tenha
se detido, Talvez um
segundo, aborrecido Consultou a
hora, Era a hora. Foi embora, Fiquei
olhando a flor, Um misto de
raiva e dor, Uma sensação
de impotência Diante
daquele gesto indecente. As pessoas
passavam, Iam a algum
lugar, Apressadas,
suadas, Mal-humoradas, Pareceu-me
ser a hora. Ora! A hora
que iam embora. Foram-se
todas. By EC
segunda-feira, 19 de outubro de 2020
Beijo de Mel.
Na
madrugada, de terra, É como uma
estrada em um jardim, Traz esta
poesia, Como um
presente para mim, E me diz,
não me quer nada Só ser amada E eu, que só
desejo, Ser seu
desejo, Nesta linda
caminhada. Então, faz
uma lua no céu, Com gosto de
amor de noite estrelada, E faz outra
lua no céu Com gosto de
beijo e mel. By EC
sexta-feira, 16 de outubro de 2020
À espera do dia.
O crepúsculo
anunciava;
A noite
fria...
Meu corpo
ardia...
Medo,
medonho medo
Esperava
ansioso amanhecer;
Enfim o sol
venceu a escuridão;
Era dia.
Lutas
terríveis viriam contraído;
Portanto,
para que tanta espera
Se passa,
rasa, a vida aquela?
Ido destino,
indefinido. By EC
quarta-feira, 14 de outubro de 2020
Segregação
Segregação
global, em um mundo ideal Da Europa ocidental
e oriental, à Ásia continental Da África
monumental, às Américas, sem igual, Isto não! Por que
então? A
escravatura em suas múltiplas faces, Escuras e
impuras, de todos povos do planeta, Sufocados
pela tortura, cruel e dura Tratados
como dejetos, Moças
prostituídas, crianças esquálidas, trabalhadores malditos Usadas como
objetos, de senhores e senhoras Espertos,
concretos, discretos, inauditos... O homem
ignorante, divide o seu semelhante, Em raças
inexistentes, concluída gentilmente Por
cientistas eminentes. A
segregação, discriminação do ser Humilhação,
desprezo e marginalização Tem fim em
si mesma, como meio para a perpetuação de poder E a vida,
tão bela, singela, tingida de cruéis mazelas Por aqueles
que não coincidentemente Mantém
classes submissas, em atendimento às suas premissas. Eles, não
por coincidência, mas por intento São rimas
pobres, de um mundo rico, onírico e eufórico Que há
milênios sofre, desolação e desalento Dos que
muitos nomes tiveram ... E hoje
conhecidos como nazistas, fascistas, segregacionistas. By EC
quinta-feira, 8 de outubro de 2020
Irmão
Às vezes, me
dá uma vontade
enorme de falar com meu
irmão. Como quando
éramos crianças, e entre outras
aventuranças, brincávamos
em cima dos muros e nas lajes
das casas. Belas lembranças! Na rua,
consideravam-nos terríveis entre
brincadeiras maldosamente boas sentados no
meio-fio éramos
imbatíveis. Não tínhamos
medo de nada como se a
vida fosse feita para, entre
uma e outra travessura, crianças em
suave ternura. Autoridades
policiais, futebol, pega-pega, outras
brincadeiras entre os treze e
qualquer idade, o que importa? Éramos
imortais! Um dia, sem
maiores avisos veio a vida
como um rolo compressor havíamos
crescido, enfim estudamos,
trabalhamos, casamos, separamos, coisas
assim. O mais
dolorido, de nos ver todo dia, o dia todo. não era mais
assim. Mas nunca
perdemos a incrível beleza de brincar com
a vida, nadar, até mesmo amar, namoradas,
bebedeiras, brigas, política, férias passávamos
juntos como irmãos devem passar. E hoje,
quero falar com ele. Mas ele
morreu. - Mas como
assim, morreu? -Nós não
morremos! E ai, rola
uma, duas, um monte de lágrimas
de meus olhos esta saudade
de tudo perdi uma
parte de mim que nunca
tive. Vai meu
irmão, milita, defende o seu PT, briga, zomba
da polícia, ai no céu. Eu, por
enquanto, estou aqui, meio triste,
meio perdido, te procurando, sem saber exatamente
o que fazer e onde
encontrar você. By EC Homenagem ao
meu irmão Fernando, falecido em agosto de 2018.
quarta-feira, 7 de outubro de 2020
A moça que
não era ela.
Não. Não era
ela. Que ficava
na janela, esperando
sorridente o dia nascer
contente. Esta outra,
insone nada
esperava, via sol
poente e a lua
cicerone. sonhava em
ir para o
espaço. Desistir. Mas, algo
dentro dela, ao ver a lua
sorrir, as estrelas
se arranjarem em um
mosaico individual, trazia-a de
volta ao normal, convencional. Triste ia
dormir depois de quatro
novelas assistir. By EC
Homenagem às moças nas janelas
Aquelas que não são elas.
sábado, 3 de outubro de 2020
Sonho Ontem te escrevi, após ouvir
passos, silenciosos e
sem traços. Era eu
mesmo, acho. Não era
aqui. Não era ali. Não me ouvi, o relógio
parado dizia-me
estar errado, um sonho do
passado. Sei que ,
após tremer, Devagarinho, Pude perceber, Você ao meu
lado. By EC
quinta-feira, 1 de outubro de 2020
Menina
Não, não
pense demais menina, Não vale a
pena pequena. Sei, por
experiência, que fascina, a entrega da
essência, a divisão da
existência, o
compartilhamento da emoção. Não. Não
vale não. A dor virá
acompanhada do gargalhar
da ingratidão. Então, pense
pequena, Em buscar no
seu ser o eterno
prazer, a palavra doce, o coração
leve, ai então
surgirá, em breve, naturalmente,
o verdadeiro amor, aquele pelo
qual anseias, quiçá até já
o tenha, achas, mas que hoje
só lhe causa dor. By EC